Uma amiga minha enviou-me hoje um email (ou uma mensagem de correio electrónico, para os mais puristas), com uma estória redigida já sob a alçada do novo Acordo Ortográfico que será assinado algures lá para 2058 (será um outro novo Acordo Ortográfico, pois pela leva que isto vai, mais ou menos de década em década haverá um novo). O que ao princípio parecia uma gracinha, deu-me para pensar um pouco sobre o assunto.
Eu não sei qual a vossa opinião sobre o assunto em causa, mas confesso que eu me encontro um pouco dividido...Tendo sido aluno de letras, cedo aprendi com a minha antiga professora de Português que a língua é em si um organismo vivo! Quer isto dizer, que é passível de sofrer mudanças e de se adaptar aos tempos e às bocas de cada um. Logo por esse lado estou de acordo com a possibilidade de fazer ajustamentos aos termos linguísticos portugueses. Mas...por outro lado é quase impossível esses ajustamentos acompanharem a velocidade a que a lingua se modifica nas bocas do povo, seja este Português, Brasileiro, Angolano, Moçambicano ou outro afim.
Sim, agora faz um pouco confusão pensar que as consoantes mudas vão desaparecer, e de certa forma custa-nos porque parece uma cedência de vulto para os brasileiros, que porque falam como lhes apetece, inventam palavras e cortam letras como quem dá pontapés numa pedra, porque afinal fomos nós que desenvolvemos a língua, aqui deste lado do atlântico...
Mas no fim será por um bem maior, e acredito que será mais fácil para todos, a ver pela escrita que os miúdos praticam na escola, e os pais e enfim, todos damos alguns erros...no futuro e com o novo acordo, serão menos (simplesmente porque algumas palavras deixam de contar como erros)...bem vistas as coisas os nossos alunos já andam há uns bons anos a treinar para este novo Acordo Ortográfico...e para os que hão-de vir também.
Bom, isto começou com uma estória e já devem estar curiosos (então e a estória, onde é que está a estória, falas-te numa estória e agora vens com esta lenga-lenga, vá lá queremos a estória...suponho que seja o que estão a pensar...ou melhor... o que eu estou a pensar que vocês estão a pensar...bom, adiante, cá está ela:
CAPUCHINHO VERMELHO... Versão Acordo Ortográfico de 2058
Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena! A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver?
E então disse-lhe:
- Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola!
Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bué longe, e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boa e tal, curtindo o som do iPod... É então que, ouve lá, salta um baita dog marado, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:
- Yoo, tá td? Dd tc?
- Tásse... do gueto alí! E tu... tásse? - disse a pita
- Yah! E atão, q se faz?
- Seca, man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moka do camano!
- Marado, marado!... Bute ripar uma até lá?
- Epá, má onda, tázaver? A minha cota não curte dessas cenas e põe-me de pildra se me cata...
- Dasse, a cota não tá aqui, dama! Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada.
- Yah prontes, na boa. Vais levar um baile katéte passas!!!
E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué avanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha "quem é e o camano" e ele "ah e tal, e não sei quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e na na na...". A velha abre a porta e PIMBA, o dog papa-a toda... Mas mesmo, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos... O mano chega, vai ao móvel da velha, saca uma shirt assim mêmo à velha que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tásaver? A pita chega, e tal, e malha na porta da velha.
- Basa aí cá pa dentro! - grita o dog.
- Yo velhita, tásse?
- Tásse e tal, cuma moca do camâno... mas na boa...
- Toma esta cena, pa mamares-te toda aí...
- Bacano, pa ver se trato esta cena.
- Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?
- Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?
- Yah, yah... E os abanos, bué da bigs, pa ke é?
- Pá, pa poder controlar melhor a cena à volta, tázaver?
- Yah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué big? Pa que é a cena?
- É PA CHINAR ESSE CORPO TODO!!! GRRRRRRRR!!!!
E o dog manda-se à pita, naquela mêmo de a engolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kick mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora! Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda-baite, pimba, mêmo nas nalgas, e quando vai pa engolir agaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca de machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou logo alí, o mano china abelly do dog e saca de lá a velha toda cheia da nhanha. Ina man, e a malta a gregoriar-se toda!!!
E prontes, já tá...
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